"....E o lago retrucou:
- Eu amava Narciso porque, quando ele se debruçava sobre as minhas margens para contemplar-me, eu via sempre refletir-se no espelho dos seus olhos a minha própria beleza....(Oscar Wilde)
Diz a lenda, na versão de Ovídeo, que Narciso era imcomparavelmente belo, tão belo que acreditava ser semelhante a um deus, comparado até a Dionísio e Apolo. Prá variar...uma linda ninfa bela e graciosa chamada Eco era apaixonada pelo rapaz. Entretanto, o amor de Eco não foi correspondido e ela, desesperada, definhou, deixando apenas um sussurro débil e melancólico. Essa atitude de Narciso provocou o castigo dos deuses. Para dar uma lição ao rapaz frívolo, a deusa Némesis condenou Narciso a apaixonar-se pelo seu próprio reflexo na lagoa de Eco. Sendo assim, ao ver seu reflexo na água, apaixonou-se pela própria imagem e ficou a contemplá-la até consumir-se. As ninfas construíram-lhe uma pira, mas quando foram buscar o corpo, apenas encontraram uma flor no seu lugar: o narciso.
Essa lenda reflete o que fazemos com nós mesmos quando se trata de amor. Com certeza, quando se lê a palavra amor imagina-se casaizinhos apaixonados...pais levando seus filhos ao parque....filhos cuidando de seus pais. Lóoooooogico que isso é amor. Lógico que esse sentimento nos faz bem e nos faz até seguir a diante quando a lida torna-se pesada. Mas e quanto ao amor próprio? O que acontece? Pois bem.....quando reflito sobre a história de Narciso penso o quão alto é o preço que pagamos nos comportando como ele. Quero sim ver minha imagem refletida na água e ser consumida por ela. Quero sim me ver no espelho e dizer como sou bela e unicamente exclusiva. Se meus defeitos te incomodam? Paciência...são MEUS defeitos....Se o meu jeito de agir não é "politicamente" adequado? Azar o seu que tem que ficar engessado em ternos cinzas com gravatas vermelhas. Se ser o que sou tem um preço? Pagarei com a minha vida, mas por favor....não me venham com hipocrisia. Se para ser feliz tenho que fazer parte de uma foto de propaganda de margarina? Prefiro a infelicidade de ter na minha lápide:
"Amei o quanto e como pude
Chorei mesmo, até ficar cansado de ver os meus olhos no espelho
Vi o sol e o dia nascerem felizes
Me arrisquei até ver que meus erros já se repetiam
E ainda acho que deveria ter errado mais
Fiz o que achava que queria fazer...
Compreendi com o tempo que a melhor forma de ser feliz é aceitar pessoas como elas são
Pois cada um sabe a a alegria e a dor que traz no coração...
Se eu conseguir deixar essa marca para a posteridade terei a certeza de que o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído"
Recado: AMEM-SE, PERDOEM-SE E ACEITEM-SE INCONDICIONALMENTE